"Ianukovitch autorizou uso de armas contra manifestantes"
"Os agentes do FSB (serviços secretos russos, ex-KGB) participaram no planeamento e na execução da dita operação antiterrorista", disse. Na apresentação dos primeiros resultados do inquérito sobre estas mortes, o chefe da segurança acusou ainda o Presidente ucraniano deposto Ianukovitch de ter "dado a ordem criminosa" para abrir fogo sobre os opositores do regime que protestavam nas ruas contra o mesmo. "Ianukovitch deu a ordem criminosa para esta operação 'antiterrorista' de 18 a 20 de fevereiro e autorizou o uso de armas contra os manifestantes", disse.
"Foi tudo coordenado por membros das forças da ordem", acrescentou, por seu lado, o ministro do Interior da Ucrânia, Arsen Avakov, numa conferência de imprensa em Kiev.
A Rússia desmentiu, implicitamente, qualquer implicação. "Que estas declarações permaneçam na consciência dos serviços de segurança ucranianos", fez saber, em Moscovo, o serviço de imprensa do FSB, citado pela agência noticiosa russa Ria Novosti. "Não comentamos acusações gratuitas", disse ainda a mesma fonte.
Algumas horas depois, o próprio ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, citado pela AFP, veio dizer que as afirmações das novas autoridades de Kiev sobre disparos feitos por 'snipers' contradizem várias provas.
No mesmo dia, a procuradoria-geral da Ucrânia, indicou que foram presos 12 membros das antigas unidades especiais da polícia ucraniana, "Berkout", por suspeitas de envolvimento nas mortes registadas em finais de fevereiro em Kiev.
"Foram interpelados membros da unidade especial Berkout", declarou o procurador-geral da Ucrânia, Oleg Makhnitski, na quarta-feira à noite, numa entrevista à cadeia de televisão Canal 5. Sem dar um número. Mas o porta-voz da procuradoria, Vassil Zorya, questionado pela AFP, precisou depois que foram detidas ao todo 12 pessoas numa operação levada a cabo na quarta-feira.
O número de detidos, refere o site da BBC, foi também confirmado aos jornalistas pelo ministro do Interior Arsen Avakov, que durante a conferência de imprensa desta manhã exibiu documentos enquanto apresentava os resultados do inquérito realizado pelas novas autoridades de Kiev.
As manifestações anti-Ianukovitch e pró-Ocidente degeneraram numa onda de violência entres os dias 18 e 20 de fevereiro. Morreram pelo menos 90 pessoas. Os resultados do inquérito, hoje apresentados, referem-se a uma investigação à morte de 76 pessoas na rua Instytuska.